Já parou para pensar sobre o impacto das escolhas dos meios de transporte para uma mobilidade urbana sustentável?
Imagine a seguinte situação: você sai da sua casa para o trabalho, utiliza transporte público ou dirige seu próprio carro, todos os dias. Além de você, seus colegas de trabalho, vizinhos, familiares e mais milhões de pessoas costumam fazer exatamente o mesmo. Se você tem uma rotina relativamente movimentada, certamente conseguirá somar mais de dez deslocamentos que você fez só na última semana.
Além da quantidade, é provável também que, caso você more em uma capital ou uma grande cidade, sua agenda de mobilidade tenha sido um tanto quanto variada: ônibus, táxi, Uber, metrô, balsa e até aquela caminhada do ponto até sua casa fazem da sua jornada de mobilidade algo bastante comum no Brasil e em vários lugares do mundo.
Ao lembrarmos que, além de nós, milhões de pessoas se deslocam pelas cidades durante o dia-a-dia, chegamos mais próximos do tamanho do desafio que é a mobilidade urbana.
Se você não quer dormir no ponto, e quer saber como as suas escolhas de mobilidade têm impacto para o futuro do planeta e das próximas gerações, continue a leitura deste artigo para entender que mobilidade urbana sustentável é possível!
É provável que você entenda mobilidade urbana como tudo aquilo que envolve locomoção, transporte e movimentação de pessoas. No linguajar coloquial, é tudo o que se refere ao ir e vir. Seja entre locais de uma cidade, diferentes municípios ou até países, é comum vermos o termo mobilidade urbana sendo empregado como sinônimo de transporte urbano.
Acontece que esse entendimento já não é mais tão linear. Entende-se, em uma esfera mais ampla, que mobilidade urbana significa qualquer ação feita para se fazer presente, utilizando ou não meios de transporte convencionais, públicos ou privados. Mas, o que isso significa, de forma prática?
Imagine que você está indo da sua casa até um shopping aproveitar uma tarde de sábado. Seu trajeto, da saída da sua residência até a entrada do shopping, pode ser interpretado como uma etapa de uma jornada de mobilidade urbana. Ademais, se no retorno, você decide alugar um carro e ir com os amigos para uma pousada no interior, essa estadia também pode ser compreendida como parte de uma jornada de mobilidade.
A nova mobilidade urbana é um conjunto de serviços, espaços, ferramentas e agentes que permitem que pessoas se movimentem entre pontos, de forma direta ou indireta. Falar de mobilidade hoje em dia é incluir os modais de transporte urbano, mas também os meios de hospedagem, espaços compartilhados de trabalho, como coworkings, e tantos outros aparelhos urbanos que oferecem serviços (estabelecimentos comerciais, shopping centers, praças, parques, estações de metrô etc).
Se antes a mobilidade urbana era restrita ao uso de um ou outro veículo para se deslocar, hoje a entendemos como uma jornada. Saímos de um ponto e chegamos a outro, sem ser necessariamente no mesmo dia ou utilizar os mesmos meios de transporte.
Diante do crescimento das populações urbanas, além dos desafios da organização do espaço público e da acomodação de milhões de pessoas em regiões cada vez mais densas, a questão do impacto ambiental parece não ter fim.
Com mais prédios e mais gente, há mais necessidade de se movimentar. Daí constróem mais estradas, alargam rodovias e adicionam novos modais de transporte urbano a áreas já conurbadas e estranguladas por concreto. Um dos produtos da superpopulação, e um dos maiores problemas das grandes cidades, é o trânsito caótico. Com ele, viver nas cidades tem trazido mais poluição, perda de tempo, entre outras consequências.
Um estudo feito pela Universidade de Ontario, no Canadá, indicou que cada uma das 50 maiores cidades do mundo terão mais de 10 milhões de habitantes até 2050. Esse cenário acompanha um crescimento em várias esferas, dentre elas, o aumento populacional exorbitante, o avanço das telecomunicações em aceleração nunca antes vista, o crescimento de negócios globais e o aumento exponencial das cadeias de consumo. Essa mistura de fatores e condições traz à luz alguns problemas reais que precisam ser debatidos imediatamente.
Talvez o principal deles seja o embate entre mobilidade urbana e sustentabilidade. O crescimento e o uso desordenado da mobilidade urbana é uma das principais causas dos danos que temos causado ao meio-ambiente. Um sistema de transporte mais funcional, menos poluente e mais eficaz é essencial atualmente, e é essa a proposta da mobilidade sustentável.
De acordo com o Estadão Summit Mobilidade Urbana, mobilidade é a chave para a sustentabilidade. Por se tratar de um serviço tão amplo e com tanto impacto em todas as camadas da sociedade, falar de sustentabilidade na mobilidade é transportar o cuidado com o meio ambiente a outras esferas.
Mas, como podemos construir uma mobilidade urbana sustentável desde já? Aqui vão algumas dicas:
O uso do carro individual corresponde a cerca de 20% da população, mas 80% do espaço viário público é voltado a quem dirige. Por isso, é necessário apostar em novos modais, incluindo os compartilhados, como faz o aplicativo VOLL, e a micromobilidade.
Repensar o uso de combustíveis fósseis que poluem a atmosfera é abrir caminho para uma vida mais saudável hoje e oferecer a tranquilidade do bem-estar às gerações seguintes.
Iniciativas como a anunciada recentemente pela Uber, Hertz e Tesla têm tomado as manchetes. Em um lance histórico, a empresa que é sinônimo da economia compartilhada anunciou uma encomenda de 50 mil veículos elétricos da montadora Tesla. Os carros serão oferecidos aos motoristas credenciados ao aplicativo, em parceria com a locadora Hertz, nos Estados Unidos.
Os olhares sobre as fontes de energias renováveis estão em todo canto. Na Suécia, por exemplo, já existe inclusive uma tecnologia disponível para beneficiar o lixo doméstico e usar o metano emitido pelos resíduos para mover os ônibus do transporte coletivo. Trata-se de um biodiesel que usa um problema ambiental para criar soluções de mobilidade urbana sustentável.
Essas movimentações da indústria demonstram que estamos no caminho certo para construir uma nova maneira de criarmos e lidarmos com os veículos de transporte. Algo necessário para que a mobilidade se torne, essencialmente, sustentável.
Um dos conceitos mais debatidos pelas principais economias do mundo é o de Mobility as a Service, ou MaaS. Trata-se de uma unificação de diferentes modais de transporte, totalmente conectados, da roteirização ao pagamento.
A grande sacada do MaaS é fornecer visibilidade, conforto, segurança e economia para o usuário da mobilidade urbana. A experiência é o principal diferencial, uma vez que com o uso da informação e de maneira automatizada, diferentes modais de transporte conversam entre si para apresentar combinações que solucionem a necessidade de jornada de cada usuário.
Em uma esfera corporativa, como exemplos de iniciativas de MaaS na América Latina, destacam-se as startups VOLL, Quicko e Moovit.
Da distribuição dos equipamentos urbanos até a arquitetura das vias da cidade, tudo influencia em como o crescimento dos centros pode ser mais ordenado, organizado e sustentável.
Apesar dos conflitos de uso do espaço (ônibus, carros individuais, bicicletas etc.), há muito espaço para discutirmos como melhorar a organização atual da mobilidade. Uma solução é a pautada pela economia compartilhada, que utiliza veículos para conferir mobilidade a um número grande de pessoas, sem necessariamente poluir mais a atmosfera.
Agirmos hoje, para que o amanhã seja melhor, para nós e para as futuras gerações, é cada vez mais necessário. Mais do que o dever de zelar pelo nosso planeta, devemos nos lembrar de quais paisagens, cenários e condições de vida deixaremos para quem vai chegar à nossa frente.
Como você enxerga o potencial de a mobilidade contribuir para um mundo mais sustentável? Compartilhe esse post nas suas redes sociais, para que mais pessoas entrem nessa vertente que só tem a beneficiar todo mundo.