Por Luiz Moura

Micromobilidade deve ganhar força pós-pandemia

01/06/2020

3 minutos de Leitura

Enquanto as preocupações sobre o novo coronavírus e as recomendações de distanciamento social tomam conta do planeta, a procura por transportes alternativos ao redor do mundo ganha visibilidade e registra aumento significativo durante a epidemia. Desde que foram criados, os serviços compartilhados de micromobilidade (os tão simpáticos bicicletas e patinetes elétricos) vivem em uma corda […]

Enquanto as preocupações sobre o novo coronavírus e as recomendações de distanciamento social tomam conta do planeta, a procura por transportes alternativos ao redor do mundo ganha visibilidade e registra aumento significativo durante a epidemia.

Desde que foram criados, os serviços compartilhados de micromobilidade (os tão simpáticos bicicletas e patinetes elétricos) vivem em uma corda bamba, apoiados por milhões de dólares em capital de risco.

No começo deste ano, a Lime, empresa americana de patinetes elétricos, anunciou o fim de suas operações no Brasil. A companhia tinha veículos disponíveis em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas precisou recolhê-los de forma definitiva por conta dos resultados obtidos durante os seis meses em que estava no país.

A Jump começou a oferecer seus patinetes em Santos, São Paulo, no final de 2019, como piloto para o início da operação por aqui, mas não avançou bastante desde então.

A pandemia da Covid-19 causou ainda mais tumulto no setor, levando a demissões em massa e a paralisações de operações em vários mercados em todo o mundo. Apesar das incertezas econômicas, especialistas têm apostado que a micromobilidade pode sair mais forte da pandemia.

Micromobilidade: oportunidades em efervescência

O principal fator que deve contribuir para o fortalecimento da micromobilidade é a adoção de alternativas ao transporte público. As preocupações sobre o novo coronavírus ainda devem se estender por um tempo, mesmo após a reabertura gradual das cidades.

A pandemia também despertou a atenção das pessoas para outras possibilidades de doenças que podem surgir no futuro, e deve criar uma maior conscientização acerca do distanciamento social, levando a uma busca cada vez maior por transportes alternativos, que minimizem as interações com outras pessoas.

Essa procura já está movimentando alguns mercados ao redor do mundo. Na Austrália, por exemplo, as vendas de bicicletas cresceram vertiginosamente nas últimas semanas. Segundo o jornal britânico The Guardian, as “magrelas” já estão sendo consideradas “o novo papel higiênico” no país. Além de um meio de transporte mais seguro para quem quer preservar a saúde, as bicicletas têm sido consideradas uma alternativa de atividade física, em um momento em que academias e outros centros esportivos não operam regularmente.

Em Nova York, poucos dias após a decretação da quarentena, em março, foi registrado um aumento de 50% nos deslocamentos de bicicleta. Aqui no Brasil, no entanto, esse movimento parece não ter começado ainda. De acordo com o último relatório da Abraciclo, a produção de bicicletas em abril caiu 81,4%, na comparação com o mês anterior. Esse é o pior resultado para o mês desde 2011, segundo a instituição.

Um dos maiores entraves à adoção em larga escala das bicicletas como meio de transporte no Brasil é a falta de infraestrutura para os ciclistas. A cultura de dependência do carro criou cidades pouco seguras para quem pedala, deixando os ciclistas vulneráveis a todo momento. As bicicletas, no entanto, são essenciais mesmo em épocas consideradas “normais”, porque aumentam a resiliência da rede de transportes como um todo, sendo extremamente úteis em dias de caos vividos eventualmente por todas as grandes cidades.

Economia em duas rodas

Com restaurantes e outros estabelecimentos comerciais fechados em meio à pandemia, os serviços de delivery têm sido responsáveis por manter parte da economia girando, possibilitando o consumo, mesmo com o isolamento social. “Desde que as conversas sobre o coronavírus se iniciaram, percebemos um aumento significativo no número de pedidos de supermercado — o que acreditamos ser uma resposta dos usuários preocupados com o tema incerto e medidas de quarentena sendo tomadas em diferentes cidades”, informou a assessoria da Rappi para o portal Huffpost Brasil.

É comum ver pelas ruas entregadores pedalando com bolsas térmicas de aplicativos, e aí surge outro dilema: como garantir a segurança desses trabalhadores?

De acordo com o Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito de São Paulo – Infosiga – só na capital paulista, as mortes de ciclistas cresceram 64% em 2019. O órgão atribui o fato ao aumento no número de entregadores que trabalham usando bicicletas.

O Projeto de Lei 391/2020, que está tramitando no Senado, pode dar mais garantias à categoria. O texto estabelece que as empresas de entregas por aplicativo ofereçam seguro de acidentes pessoais a todos os seus entregadores, com cobertura para despesas médicas, hospitalares, odontológicas, casos de invalidez permanente total ou parcial, além de morte acidental. O projeto prevê ainda que a cobertura do seguro deve abranger todo o trajeto de ida ao trabalho e de volta à residência do entregador.

Atualmente, o texto está aberto à apresentação de emendas na Comissão de Assuntos Sociais. A decisão da comissão seguinte, de Assuntos Econômicos, terá caráter terminativo. Caso não haja recursos a serem votados no plenário do Senado, o projeto seguirá diretamente para a Câmara dos Deputados.

Fonte da publicação: Whow! Brasil

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