Entenda o que é Mobility as a Service

O fácil acesso à internet, especialmente por meio de smartphones, mudou a forma de consumo ao redor do mundo todo. Basta um clique na tela e você consegue assistir a conteúdos em streaming, solicitar um motorista particular ou alugar uma bicicleta. 

E do mesmo jeito que a Netflix, por exemplo, transformou o consumo de entretenimento, o conceito de mobilidade como serviço promete transformar a maneira como utilizamos os diferentes meios de locomoção disponíveis na cidade.

Com um crescimento disparado em relação a outras categorias, os aplicativos de transporte já são utilizados por 10% da população brasileira, chegando a 75% em regiões urbanas. 

Os motivos que justificam esse crescimento são vários: não precisar dirigir em horários de pico, evitando o trânsito; custo em relação ao veículo próprio; rapidez; eficiência e facilidade do serviço.
O conceito de mobilidade como serviço - ou Mobility as a Service (MaaS) - vem para tentar resolver problemas que já fazem parte do cotidiano de milhões de pessoas ao redor do mundo há anos, pois tem como premissa facilitar o acesso e a escolha das melhores opções de deslocamento através dos smartphones.

O que é Mobility as a Service e como funciona 

Mobility as a Service (MaaS) é um conceito relativamente recente, introduzido em 2015 no ITS Congress em Bordeaux. Ele propõe tratar a mobilidade como um serviço para permitir que os usuários escolham e paguem por diversas formas de transporte, sejam elas terrestres, aéreas ou aquáticas, públicas ou privadas, através de uma única plataforma digital. 

O MaaS funciona a partir da integração de diferentes modos de transporte, desde ônibus e trens até bicicletas e patinetes, oferecendo rotas multimodais otimizadas com base em dados de trânsito em tempo real e nas preferências do usuário. 

O pagamento por este serviço, que já funciona em alguns países ao redor do mundo, pode ser mensal, anual, ou mesmo por uso.

Principais objetivos da mobilidade como serviço 

• Facilitar o acesso a diferentes meios de transporte na cidade

• Aumentar a demanda e melhorar os serviços de transporte coletivo

• Otimizar a infraestrutura de transporte

• Reduzir a dependência do uso de veículos particulares

• Promover a sustentabilidade e reduzir a poluição ambiental

• Integrar dados gerados pelos deslocamentos

• Melhorar a experiência do usuário

Relação entre MaaS e o transporte público

De acordo com o Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários, do Ministério do Meio Ambiente, o setor de transportes é o que mais gera impacto na qualidade do ar, sendo responsável por 90% das emissões de gases poluentes e de CO2.

Considerando esse impacto, a mobilidade urbana deixa de ser apenas um meio de locomoção da população, tornando-se também uma questão ambiental que implica diretamente na qualidade de vida nas cidades.

O conceito de MaaS pode ser uma resposta para amenizar esse cenário, uma vez que prioriza os transportes não motorizados, públicos e coletivos, e reduzem-se os motorizados e individualizados e os índices de poluição do ar, criando rotas mais eficientes e mais sustentáveis.

A integração do MaaS com o transporte público permite que os usuários planejem, reservem e paguem por suas viagens de forma unificada, combinando ônibus, trens, bicicletas e outros meios de transporte em um único trajeto. Isso, além de melhorar a experiência do usuário, também aumenta a eficiência do sistema de transporte como um todo. 

Além disso, ao fornecer dados em tempo real sobre o trânsito e a disponibilidade de transporte, o MaaS pode otimizar as rotas e reduzir os tempos de espera, tornando o transporte público uma opção mais viável para a população, especialmente de grandes centros urbanos.

Vale mencionar que em uma média global, 25% das pessoas disseram estar dispostas a trocar o meio de locomoção que utilizam, sendo que 37% dos que se movimentam com carro próprio gostariam de usufruir de outra modalidade de transporte para poderem deixar o veículo em casa.

Desafios e soluções para a implementação bem-sucedida do MaaS

A implementação do MaaS enfrenta vários desafios, como a necessidade de infraestrutura tecnológica avançada, políticas regulatórias adequadas e a colaboração entre múltiplos stakeholders. 

O principal obstáculo, no entanto, é a integração de diferentes sistemas de transporte e provedores de serviços em uma única plataforma, uma vez que isso requer um alto nível de coordenação e cooperação entre empresas de transporte, governos e desenvolvedores de tecnologia.

Para superar esse desafio, é essencial desenvolver um contexto regulatório flexível que permita a inovação e a experimentação. Para isso, governos e autoridades de transporte devem trabalhar em conjunto com empresas privadas para criar um ambiente que favoreça a implementação do MaaS. Isso inclui o desenvolvimento de padrões e protocolos comuns para a troca de dados que garantam a segurança e a privacidade dos usuários.

Além disso, a infraestrutura urbana precisa se adaptar para suportar novas formas de mobilidade, como veículos elétricos e compartilhamento de bicicletas. Investimentos em tecnologia, como sensores de trânsito e sistemas de informação em tempo real, são fundamentais para o sucesso do MaaS. 

Precisamos também de mais cidades inteligentes com políticas ativas que utilizam a tecnologia para melhorar a infraestrutura urbana e tornar os centros urbanos mais eficientes, com serviços diretos à população, segurança pública, sustentabilidade, transporte e soluções integradas de governança, planejamento e transparência.

A colaboração entre diferentes setores e a adoção de tecnologias emergentes, como inteligência artificial e big data, podem ajudar a superar esses desafios e facilitar a implementação bem-sucedida do MaaS.

Possibilidades da mobilidade como serviço no Brasil

Embora possa parecer uma realidade distante, o Brasil, na verdade, apresenta um cenário promissor para a implementação do conceito de Mobility as a Service (MaaS), especialmente em suas áreas urbanas. 

A integração do metrô próximo ao Aeroporto de Guarulhos é um exemplo do potencial do MaaS no Brasil, uma vez que a criação dessa estação tinha como objetivo facilitar conexões entre transporte aéreo e terrestre, ao mesmo tempo tempo que promove a acessibilidade e reduz a dependência de veículos particulares, alinhando-se aos objetivos de uma mobilidade urbana mais eficiente e sustentável.

Mas, para expandir o modelo de MaaS no Brasil, seria importante adaptar o sistema de concessões vigente para que seja possível permitir que empresas de mobilidade desenvolvam soluções personalizadas sem as restrições de um modelo tradicional.

Da mesma forma, a criação de novas leis e regras que facilitem a integração tecnológica é fundamental para superar as barreiras existentes.

A colaboração entre operadores de transporte, provedores de tecnologia e novos entrantes é essencial para o sucesso do MaaS no Brasil. Projetos de Smart Cities, como é o caso de Curitiba, que já reúnem esforços nacionais e internacionais, podem servir de base para essa transformação. 

Com um esforço conjunto e um olhar voltado para o futuro, o Brasil pode dar grandes passos em direção a uma mobilidade mais eficiente e sustentável.

Como as empresas podem se encaixar neste cenário

Uma vez que o conceito de MaaS tem como centro de tudo o usuário, a tendência é que as empresas façam o mesmo para manterem-se sempre atualizadas. Buscar ferramentas que integrem diversos meios de transporte é um bom começo para aprimorar a mobilidade corporativa. 

Uma viagem a trabalho, por exemplo, pode ser bem mais eficiente e menos cansativa se todas as informações de tickets estiverem organizadas em um mesmo local. Sem falar nas facilidades oferecidas na hora de efetuar pagamentos.

Um outro exemplo é entender que, com a integração dos meios, uma rota que demandaria muito tempo de carro, poderia ser realizada com bicicletas ou patinetes em poucos minutos, colaborando com a saúde do funcionário e também do planeta.

Como você pode ver, as mudanças relacionadas à mobilidade estão cada vez mais perto da nossa realidade. Você e sua empresa estão preparados para fazerem parte delas? 

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