Por Luiz Moura

5 tendências da tecnologia em 2020

08/01/2020

5 minutos de Leitura

A internet 5G e os veículos autônomos chegam ao grande público. Internet das coisas, computação em nuvem, blockchain e inteligência artificial tornam-se mais populares. Bill Gates liderava a Microsoft – e a Microsoft liderava o mundo – quando publicou, em dezembro de 1995, seu livro de tendências “A Estrada do Futuro”. Onze meses depois, viu-se […]

A internet 5G e os veículos autônomos chegam ao grande público. Internet das coisas, computação em nuvem, blockchain e inteligência artificial tornam-se mais populares.

Bill Gates liderava a Microsoft – e a Microsoft liderava o mundo – quando publicou, em dezembro de 1995, seu livro de tendências “A Estrada do Futuro”. Onze meses depois, viu-se obrigado a lançar uma edição “completamente revisada e atualizada” com tudo aquilo que ele havia ignorado ou subestimado. Como a internet, por exemplo.

Essa introdução serve para lembrar que a única previsão certeira sobre 2020 é a de que as previsões nunca dão 100% certo. Este jornalista não é nenhum Bill Gates e o horizonte parece mais turvo do que em 1995. (O próprio fundador da Microsoft agora se limita a recomendar livros que já leu e eleger as melhores invenções do ano que já passou). O modelo vigente de produção de inovação (com startups e fundos de venture capital) sofreu um abalo, em 2019, com IPOs abaixo da expectativa das startups Lyft e Uber, além do cancelamento da abertura de capital do WeWork.

Uma eventual desconfiança em empresas de muito volume de receita mas pouco lucro pode mudar os rumos da tecnologia em 2020. Além dessa incerteza importante, será o primeiro ano de uso comercial da rede 5G – que em 2019 estreou timidamente em países como Estados Unidos e Coreia do Sul. Quase um wifi a céu aberto, a nova rede abre um vasto potencial para soluções e empresas desconhecidas. Feitas as ressalvas, essas são nossas apostas para o ano que vem:

1. Multiexperiência

“O computador deixa de ser um ponto de interação e acaba se espalhando, com múltiplos pontos de acionamento e detecção”, diz a lista de apostas da consultoria Gartner. Cada vez mais o mundo se torna, ele mesmo, smart.

Em 2020 devemos ver a afirmação de smart home, como Google Home e Amazon Alexa – que ganharam versões em português no fim de 2019 – e o avanço de wearables, como pulseiras e tênis inteligentes. A chegada das redes 5G (lá fora) dá meios para novas aplicações e dispositivos de realidade virtual e realidade aumentada.

O reconhecimento facial deve avançar no Ocidente – na China, já é onipresente –, afirma Vanessa Pegueros, chefe de segurança da OneLogin (uma empresa de gestão de acessos do Vale do Silício). “O iPhone popularizou essa tecnologia de tal maneira que o público espera a mesma praticidade em outras soluções”, disse à revista especializada Software Developer Times. “Apesar de ter falhas, os ganhos de praticidade superam as preocupações dos usuários”.

2. Inteligência artificial

Crescimento exponencial e atendimento personalizado, dois sonhos de qualquer empresa, são aparentemente opostos – mas podem acontecer ao mesmo tempo graças à inteligência artificial (IA). Companhias como a gigante do fast food McDonald’s e o unicórnio brasileiro de planos de academia Gympass compraram, em 2019, empresas de inteligência artificial. Para valer a pena, investimentos como esses terão de trazer resultados visíveis no ano que vem.

Essas empresas levaram o desenvolvimento de inteligência artificial para dentro de casa por dois motivos. Primeiro, porque a tecnologia se tornou fundamental. “A análise baseada em IA se tornará cada vez mais uma extensão natural da automação, permitindo que as empresas obtenham maiores insights de rede, beneficiando a segurança, disponibilidade e agilidade geral dos negócios”, afirma Keerti Melkote, da área de Intelligent Edge da Hewlett Packard Enterprise e fundador da Aruba Networks. Segundo, porque a tecnologia está se democratizando. A computação em nuvem (outra tendência para 2020) e as APIs (interfaces de programação de aplicativos) dão acesso a ferramentas de IA e machine learning para empresas relativamente menores.

“Em 2020, companhias voltadas a produtos com IA vão incorporar elementos de reforço de aprendizado e compartilhamento de dados em larga escala, para se manter competitivas”, disse Tatianna Flores, chefe do laboratório de inteligência artificial da empresa de TI Atos. “Em 2019, aplicações de AI para questões específicas da indústria se tornaram commodities”. A vantagem competitiva deixa de estar na mera presença da tecnologia, e se desloca para a criatividade de uso e em sua integração. “Hoje, todos estão em processos para se tornarem digitais, fazendo mais ou menos as mesmas coisas, acessando mais ou menos os mesmos recursos e as mesmas informações”, diz Cesar Gon, CEO da CI&T. “O que vai nos diferenciar é a ousadia de tentar desbravar, criar novos caminhos”.

3. Veículos autônomos

Ainda distantes de tomar conta do trânsito, os veículos autônomos vão ganhar aplicações reais em 2020. Nas Olimpíadas de Tóquio, em julho, cem micro-ônibus sem motorista farão o transporte de atletas e espectadores de um estádio para outro e deles para a vila olímpica, enquanto uma frota de carros inteligentes dará apoio à maratona de revezamento da tocha. “Já existentes em ambientes controlados, como áreas de mineração e centros de logística, as ‘coisas autônomas’ vão avançar para espaços abertos ao público”, diz o relatório do Gartner. “Também deixam de ser máquinas solitárias para trabalhar em equipe, como o enxame de drones apresentado nos Jogos de Inverno de 2018”.

No segundo semestre, o iFood planeja lançar comercialmente robôs de entrega. Carrinhos elétricos, capazes de carregar até 30 quilos, vão transportar comida dentro de shopping centers e condomínios fechados – a “última milha”, fonte de prejuízo para empresas de logística. No exterior, Amazon, Uber e Wing (da Alphabet, holding do Google) vão decolar seus drones para entregar pacotes em até 30 minutos. Diante da complexa regulação dos Estados Unidos, os entregadores robóticos devem decolar primeiro em Israel, no Reino Unido e na China.

4. Computação em nuvem

A CI&T, multinacional brasileira parceira na transformação digital de Coca-Cola, Itaú, Embraco e Vivo, ouviu mais de 500 executivos de grandes empresas sobre a tendências para 2020. De acordo com a pesquisa, 57% afirmam que a computação em nuvem será essencial ao crescimento, seguida por internet das coisas (49%) e inteligência artificial (48%).

A computação em nuvem ganha apelo conforme tecnologias como IA se tornam estratégicas para qualquer tipo de negócio. “Empresas tradicionais, como fazendas, estão levantando e analisando dados em tempo real para ter mais inteligência, para sobrevier e crescer”, diz Roberto Prado, CTO da Microsoft Brasil. “Mas não adianta tentar fazer isso comprando computadores, você vai levar um ano e meio para processar uma informação de mercado que é importante para o mesmo dia”.

Para Matthew Halliday, ex-vice-presidente da Oracle e co-fundador da Incorta – startup americana de processamento e análise de dados –, em 2020 a nuvem abrirá as portas do mercado para a computação quântica. “Apesar de estamos a anos de distância da popularização, o número de aplicações iniciais vai disparar em 2020, conforme empresas como Google e IBM se unirem a empresas menores para comercializar suas habilidades quânticas”, afirma. “Como resultado, o ano terá investimentos pesados de fundos de venture capital”.

5. Blockchain

As correntes de informação eram tecnologia de ponta em 2018, quando publicamos um especial sobre o tema. Em 2019, entrou no cotidiano de bancos e empresas intensivas em documentação e logística. Em 2020, aposta a consultoria Gartner, deve ganhar aplicações mais mundanas – até se tornar completamente escalável por volta de 2023. “Códigos de uso privado (em vez de bases públicas, como Bitcoin e Ethereum) estão ganhando uma abordagem descomplicada, ao implementar apenas alguns elementos de uma cadeia completa”, diz o relatório. “Blockchain é uma tendência que será ainda mais explorada”, diz Adriano Filadoro, diretor-presidente da Online Data Cloud, empresa de computação em nuvem. “É uma solução que pode ser implantada por uma equipe de TI ou contratada como serviço”.

Um incentivo à tecnologia virá de governos. “A China, por exemplo, divulgou que deve aumentar os investimentos na área para acelerar o desenvolvimento do blockchain, além de lançar um criptoativo próprio”, lembra Guilherme Canavese, diretor de operação da Golchain, plataforma de blockchain.

 

 

Fonte: Época Negócios (conteúdo na íntegra disponível neste link).

 

Inscreva-se

Receba notícias, tendências e análises exclusivas para assinantes.